Homens loucos I

Do lado dele deixei de sorrir. Sem ter onde cair morto, eu carreguei ele nas costas. Deixei de ir na minha ioga, mas pagava a academia dele. Eu não tinha internet pra mim, mas contratei o serviço porque afinal ele, como era autônomo, não podia ficar sem: como é que ia conseguir trabalho? O fato é que nem assim conseguia, talvez porque passasse o dia inteiro vendo putaria online e filmes na NET. Sim, eu pensei em cortar meu plano, mas ele, que já estava deprimido, me chantageou dizendo que só ficaria pior se nem pudesse ter aquela distração nos dias em que o trabalho não aparecia. Nunca apareceu, é claro. E o pior, no ano em que moramos juntos, posso contar nos dedos as vezes em que transamos. Ele parou de tomar iniciativa e eu perdia a mínima vontade cada vez que chegava em casa e encontrava copos e pratos quebrados ou então me deparava com um cara raivoso, que só sabia me cobrar mais e mais. Que invejava os amigos bem-sucedidos e tomava todo o meu uísque importado. Que fazia contas e mais contas que eu já não tinha como pagar. A gota d’água foi uma janela quebrada, em um ato total de descontrole. Com tanta porcaria que ele fazia, tentava ainda por a culpa em mim. Ah… tudo tem limite. Pena que deixei chegar nesse ponto. Espero ter aprendido. Na verdade, eu é que fui louca de ficar com um louco desses! Mandei ele se tratar (bem longe de mim) e confesso que é um alívio estar hoje sozinha. Não preciso nem de uma notícia boa para ser feliz – vivo contente apenas por não chorar todo santo dia!

Este é o início de uma série de textos curtos sobre coisas absurdas de homens absurdos que nos aparecem. Fatos que já nos fizeram chorar e que hoje rendem boas risadas! Contribuições são bem-vindas: todas estão convidadas!

 

Foto: Scott Adams/Stock.xchng

Whisky X Memória

[zilla_alert style=”white”] By Carminha [/zilla_alert]

Sou mulherrr que bebe, que bebe com classe, com estilo. Minha bebida predileta é o whisky, whisky de qualidade, diga-se de passagem – a Escócia jamais foi a mesma depoisss que passei por lá.

Porém, tenho um pequeno problema com esse néctar dos deusesss, ele me causa lapsos de memória. Não foram poucas as vezesss em que me lembrei do que fizzz e do que não fizzz somentes uns dois ou três dias depois do ocorrido. Algumas vezes me vêm à mente somente fragmentosss dos meus atosss.

Whisky-memoriaMe recorrrdo, por exemplo, que comecei dançando na fesssta e depois, não sei como, fui pararrr numa praça discutindo/namorando com o rapazzz que era, digamosss, um pseudonamorado. Me recorrrdo que voltamos para a pisssta de dança e a festa acabou muito bem, obrigada.

Depois de um tempo o rapazzz me contou todas a barbaridades que eu disse a ele.

Houve tambem a vezzz em que no dia seguinte, horasss depois de a festa acabar, perguntei ao namorado da época se realmente havia dito e feito cerrrtas coisas das quais estava me lembrando. Ele, todo contente, me disse que sim – e que gostaria de saber quando é que iríamos tomarrr um porre de whisky novamente.

Caí na pista de dança, levantei plena e absoluta e segui dançando. Já entrei na cozinha da festa pra perrguntarr por que que o garçom estava demorando para levar meu whisky; tive converrrsasss ótimasss e fizz grandes confidênciasss para pesssoas que jamais irei ver novamente; já me acorrrdei na cama sozinha, sem terrr a menorrr ideia de como fui parar lá.

São muitasss as históriasss que tenho para contar, ou melhor, para lembrar, tendo o whisky como companheiro. Acredito que algumas nem tiveram final tão feliz; o que garanto é que no dia seguinte eu estava linda, pronta para outra, porque Carrrminha e whisky de no mínimo doze anos são assim, meu bem. Luxo puro e diverrrsão garantida.

 

Foto: Quentin Houyoux/Stock.xchng

O primeiro e-mail

By Gilka

Meu primeiro e-mail era preto com letras verdes de fósforo e só funcionava dentro da universidade. Tínhamos que ir ao cê-pê-dê e pedir uma senha para ser atendido por uma gorda que retrucava “esse usuário já existe” (trocentas vezes) até ganharmos uma conta no Vortex. Apesar das dificuldades, a febre espalhou-se rapidamente. Como não existiam sites para visitar, e se existissem, não sabíamos o endereço, e se soubéssemos, a operação seria por códigos que ninguém entendia, a opção popular era trocar e-mails com os colegas do mesmo curso. Adivinhem o assunto.

Na velocidade dos três-oito-meias, se descobriu que era mais fácil teclar sobre coisas que não se falava pessoalmente, e se falássemos, também não teria a mesma graça. markinhus@vortex.ufrgs.br ficou com valeria79@vortex.ufrgs.br que acha duarte.bruno@vortex.ufrgs.br gostoso mas nunca teve coragem. Então uma amiga comentou que um dos usuários era bom de cama. Pronto! Eu me apresentei por e-mail mesmo, e fui averiguar a tecnologia. O rapaz? Estudava na minha sala, mas nunca tínhamos dirigido a palavra. A cama? Bem grande. Mas a surpresa foi um amigo dele – a quem fui apresentada e que veio a ser o primeiro homem que amei. Bem ou mal, nos conhecemos através da internet!

Meses depois, essa conexão caiu e arrasou meu sistema. Terapia, terapia, terapia. Fiquei escaldada e passei de lado por todas as evoluções da internet. Caguei e andei pro Orcutifício, pro Caralivro e pro Piante. Confesso que tentei o chate do Terra. Arrumei uma trepada (um horror) e nunca mais entrei. Enchia a boca para falar mal da coisa. Onde tu conheceste ele? Na internet? O quê? Isso não vai dar pé. Imagina, ele pode ter se copiado e se colado todinho, se passado o corretor ortográfico genital e tudo mais. Guria! Isso é um perigo.

Quinze anos e eu forte, crente e fiel ao barzinho, balada, prazer, qual é o teu nome, o teu signo, tu vem sempre aqui? Dia desses eu fui a um bar e me vi naquela situação cama outra vez. Igualmente grande. E dessa vez a surpresa foi o site que ele me apresentou: http://www.last.fm. Uma rádio on-line que registra todas as músicas que eu escuto. A cama seguiu seu rumo, porém a rádio ficou nos favoritos. Navegando entre usuários, conheci um gatinho que vive na Escandinávia.

A primeira mensagem era branca com letrinhas pretas de cristal líquido. Nem dava para notar de tão inocente que foi. Bá, legal o teu gosto musical. Eu respondi. Obrigado por visitar meu perfil, eu também curto Jay-Jay Johanson. Desde então, em dez meses, foram dois mil e-mails, mais de um terabyte de fotos, músicas e filmes trocados, sem falar no Skype. Como é que pode? A gente nunca se encontrou pessoalmente e eu nem quis perguntar o signo dele.

Elucubrações de Laïla

[zilla_alert style=”white”] By Laïla [/zilla_alert]

Laïla, minha inspiração, é um ser maravilhoso e inteligente. É tão intelectual que às vezes, ou melhor, todas as vezes, só consigo captar parte das mensagens sugeridas. De repente percebo que o entusiasmo Divino se manifesta no nosso dia a dia de maneira simples. E nem se importa em ver o nosso nome assinar sua criação.

A ignorância humana não permite entender que, essa “coisa” que vem de uma hora para outra, que nos arranca suavemente do descanso e nos coloca em alerta para ouvir com o coração, é algo muito especial, tão especial que não conseguimos explicar, apenas sentir que é bom.

A ideia se apresenta calmamente, mas seu raciocínio está séculos luz a nossa frente. E eu, com meu modesto QI (de sabe-se lá quanto, pois nunca dei credibilidade para esse detalhe), sinto necessidade de acompanhar suas palavras. Percebo-me como uma aluna de letras passando pelo desafio de efetuar um quilométrico cálculo matemático.

Elucubracoes-de-LailaCompreenderam o entrave da mortal que recebe dádivas e mais dádivas? O relacionamento intuitivo é simples e complicado: Laïla é compassiva e eu, pós-insensível. Sou a criatura que não é totalmente ignorante, pois tenho determinada vivência. Poderia me definir como bacharel em percepção. Um dia chegarei ao doutorado.

A nossa interação funcionaria como um quebra-cabeça quase perfeito, se não fossem minhas limitações sensoriais. Ela é a poderosa mão, e eu, apenas o dedo com a consciência de quem não pode sobreviver sem aquela; também posso ser o coração fora do corpo ou a raiz sem a terra. A Laïla arremessa a bola com a técnica de uma jogadora habilidosa, e eu pego o que der, como conseguir.

Depois que deu seu recado, de maneira calma e tranquila, a inspiração retorna sei lá para onde. Faço o balanço da minha atuação e começo a trabalhar. Vou me ocupar com um excelente prazer na vida: casar as palavras, hábito que admiro desde meus 11 ou 12 anos de idade.

O ofício da crônica indica que a invenção não é particular. A necessidade de escrever não vem de mim, mas em mim. Se eu quiser desenvolver um texto a partir de um tema determinado, não conseguirei o objetivo. A não ser que o tópico se refira a uma matéria jornalística, mas aí é outro assunto. A técnica reina sobre a emoção.

O registro do entusiasmo criador necessita do combustível inspiração para que o veículo escrita se dirija a algum destino. E esse lugar eu nunca sei onde é, mas vou interagindo. Percebo que o acaso é paciente. As sensações tomam conta do meu ser e exibem modelos de pensamentos elaborados com nobreza. Isso é o que sinto, apesar de nem sempre colocar no papel. Pelo menos fico atenta aos sentimentos oriundos de Laïla, através de suas elucubrações.

 

Foto: Gözde Otman/Stock.xchng

Dar ou não dar?

Dar-ou-nao-darNa verdade, não sou a pessoa mais adequada para abordar este tema, pois nunca lutei comigo mesma para não transar de primeira. Sempre foi algo natural, e sim: nessa naturalidade das coisas, quase sempre acabei dando de primeira mesmo. Muitas mulheres, talvez até a maioria (vocês é que vão dizer), funcionam de outra forma e acham o que estou escrevendo um absurdo. Mas não vejo porque fazer o joguinho de faz de conta dos primeiros encontros (“Ai, não posso, não vai dar”), se a vontade é mesmo a de transar. Esse se-fazol é pura insegurança, pois estas mulheres acham que os caras não vão mais procurá-las se elas se entregarem na primeira vez.

Gente, se é para ser e o sexo for bom, rolar química entre os dois, o cara só não vai procurar depois se for muito machista. É, porque tem cara que pensa que se a mulher faz sexo na primeira noite não é “mulher para casar”. Fica imaginando com quantos ela já transou, e aí só vai usá-la para “lanchinho”. A esses carinhas, eu só posso dar uma dica: uma mulher que só transa depois do clássico quinto encontro pode ter dado para tantos ou mais caras do que uma mulher que trepa de início. Se a garota vive em função de arranjar um namorado, por exemplo, e não consegue facilmente, isto é bem possível. Assim como é bem provável que uma mulher “de primeira”, despreocupada com o assunto, conte nos dedos os carinhas com quem já fez sexo. Mas cá entre nós, não merecemos esses caras que herdaram do pai ou do avô a teoria de que existe “mulher para casar” e “mulher para transar”, né?

Só fazendo um adendo, também não podemos generalizar: óbvio que existem aquelas mulheres que não fazem sexo à primeira vista e não estão simplesmente cumprindo o joguinho. Para elas, tão natural como para mim é transar logo, é esperar um momento que julga mais adequado: é bom dar um tempinho para conhecer melhor o fulano e ver como ele se comporta em situações diversas antes do grand finale. E tem também o lado da vontade, que pode prorrogar o ato principal um pouco em prol de uma causa maior: o prazer da expectativa. Na outra ponta, posso afirmar que se engana quem pensa que este prazer é nulo entre as mulheres com o meu perfil. Pelo contrário: a expectativa sempre está presente. Afinal, somente depois é que vamos conhecer melhor o parceiro e seus segredos, além de descobrir como ele se porta em ocasiões diferentes.

PS.: Apesar de esta não ser uma questão que abale meus dias, resolvi registrar minha percepção “de quinta” depois de ler sobre o tema no Manual do Cafajeste. Recomendo, vale a pena conferir como eles encaram o assunto.

 

Foto: Philippe Ramakers/Stock.xchng

Histéricas?

HistericasHisteria: o termo tem origem no termo médico grego hysterikos, que se referia a uma suposta condição médica peculiar a mulheres, causada por perturbações no útero. (…) Na verdade, é uma neurose complexa caracterizada pela instabilidade emocional. Os conflitos interiores manifestam-se em sintomas físicos. (Da Wikipédia)

Eu nunca tinha pensado no conceito de “histeria”, até a minha psicóloga falar nisso. Até ali, “histérica” pra mim era aquela mulherzinha afetada, que vive fazendo cena – ou seja, o contrário do que sou. Eu nem imaginava que também era um pouco histérica!

Mesmo entendendo um pouquinho do conceito, continuei fazendo confusão. E passei a elaborar minha própria teoria, nada científica: a gente fica mais histérica depois dos 30.

Dia desses uma amiga me perguntou: “Afinal, o que os homens da nossa idade querem?”. Eu respondi: “Mulheres de 20”. Pode parecer um pouco antiquado ou machista, mas essa resposta tem sentido pra mim. Não é porque o nosso corpo não está mais tão inteiro. É porque a nossa cabeça ficou muito chata!

Sintomas da histeria dos 30: a gente fala, fala, fala (ou escreve, escreve, escreve). A gente fica com um humor horrível, que vai da euforia à depressão sem nem ser bipolar. A gente se leva a sério demais. A gente se apaixona muito, mas vira neurótica com detalhes que antes pouco importavam. A gente tá sempre preocupada com alguma coisa. A gente passa pensando e falando na gente mesma. A gente fica muito, muito mais crítica.

Duvida? É só começar a conviver com o pessoal mais novo. Os papos são outros, bem mais variados, bem menos “psicologizados”. Os assuntos engraçados estão mais em pauta, a vida séria fica para segundo plano. Vai dizer: não é bem mais divertido conviver com gente assim? Será que é por isso que muitas de nós também desenvolvem um certo gosto pelos meninos mais novos? Acho que sim. Pelo menos até a gente começar a achar tudo neles meio bobo.

Sim, eu me sinto mais madura, mais confiante, mais resolvida com 30. Mas também me sinto mais chata, mais crítica, mais pesada. Em todos os sentidos, é claro, que a balança não me deixa mentir!

Quer saber mais sobre histeria, a verdadeira? Clica aqui e aqui.

 

Foto: jepthe/Stock.xchng

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