Cinco anos

No dia em que fiz 35 anos percebi que faltam apenas cinco para os 40.

Crise? Acho que não, minhas crises não são em relação à idade e sim em relação ao que construí e aprendi até hoje. A construção de patrimônio material não existe, mas sem dúvida a construção interna e o aprendizado estão indo de vento em popa. Já me perguntei algumas vezes se não corro contra a maré, tendo em vista que boa parte das amigas de longa data são casadas, com filhos sendo criados ou em produção, formadas e com todas as titulações possíveis. E certamente chegarão aos 40 realizadas – ou não.

Mas o que é a maré?! É fazer exatamente o que a sociedade espera de nós?!

Mas não fomos nós, lá nos nossos 20 e poucos anos, as modernas que defendemos os direitos iguais, independência financeira e psicológica? Nesse ponto sem dúvida eu represento e muito a classe.

Não acho certo ou errado ser casada, ter filhos e tudo mais, mas por favor não me olhe com cara de desdém quando eu digo que tenho 35, sou solteira, não me formei, não tenho filhos e nem sei se os terei. Se isso acontecer, irei lhe contar tudo o que já vi e fiz, e ainda faço.

Então, sobre meus 40 anos, espero e trabalho para que seja uma década de muitas alegrias, quem sabe um amor, com ótimas viagens, com um dinheiro no bolso que não faz mal a ninguém. Desejo, sim, que eu nunca perca a curiosidade pelo meu aprendizado interior, que eu continue me divertindo com as coisas boas e simples da vida. E que todos errem minha idade para uns cinco anos a menos.

000014 by Viljar Sepp on Flickr

Ciclo

Véspera dos 34, praticamente 35 para mim. Muitas coisas acontecendo e ao mesmo tempo nada mudando. Reclamando da vida com o Zé, ele tentou me acalmar dizendo que a vida é feita de ciclos, que se dividem em profissionais e pessoais.

A duvida é: quanto tempo dura cada ciclo? Pois o profissional está ali se concretizando, muitas coisas novas, desafiadoras, em um ano. Porém o pessoal estagnado há mais de dois anos. Zé, será que eu parei completamente um ciclo para iniciar o outro?

Bem provável, foi esta a conclusão a que chegamos. Ok, mas agora então avisa lá para o cosmos que eu quero o outro ciclo funcionando, estou precisando! Trabalhar é ótimo, é necessário e me realiza, mas ter um romance é tão necessário quanto qualquer outra coisa na vida.

O Zé me deu uma dica no mínimo interessante: quem sabe tu sai de casa então? Não para trabalhar, mas para paquerar.Mudei muito, o Zé sabe bem, talvez isto também tenha feito que o ciclo relacionamento tenha ficado tão longe da minha realidade. Não quero voltar a ser como era, quando qualquer um me servia, mas preciso voltar a ter no mínimo a emoção de conhecer e sair com alguém, nem que seja para no dia seguinte dizer: putz, que merda, nada a ver.

Portanto, com licença, que vou tomar um banho, escolher um bom modelito, ligar para as amigas e sair para mudar o ciclo.

Tirando o anel do dedo

Quando se tem mais de 30, tudo parece mais simples (salvo algumas exceções). A gente sabe o que quer, ou no mínimo o que não quer… Depois de alguns namorados, idas e vindas, e muitos, muitos ficantes, a gente sabe quando vale a pena dar cabo à relação.

Tirando-o-anel

Para mim, pelo menos, há um questionamento básico motivado por alguns sinais inegáveis. Com o resultado em mente, pega-se aquele punhado de respostas e joga-se no liquidificador. Quando o conteúdo estiver uniforme, coloca-se em duas tigelas e se põe à mesa. Quando um pede sal e o outro acrescenta açúcar, é tempo de terminar. Mesmo sabendo disso, infelizmente algumas mulheres de quinta insistem em tirar a prova dos nove. É o meu caso, adivinhe só… Eu acabo dando mais uma chance ao relacionamento – óbvio que, muitas vezes, a outra parte nem é comunicada. O fato é que eu preciso ter certeza.

Prefiro levar a situação um pouco mais e tirar de letra, em caso de rompimento, do que voltar atrás em uma decisão. Não me agrada o eterno vai-e-vém de alguns casais. Se não há parceria, cumplicidade e compreensão, não há porque persistir. Basta se imaginar sozinha. Se vier o desejo de ficar realmente só, não tenha dúvida: tire o anel do dedo com estilo. E não se arrependa jamais!

 

Gavin Spencer/Stock.xchng

Crises pré-trinta

Um amigo recebeu o e-mail abaixo de uma amiga meio louca. Acho que vale a pena postar aqui. Tem alguém se sentindo assim, com a proximidade de completar 30 anos. Os 20 se acabando e a gente “ainda” não foi feliz!

DECO, é isso:
Gozei 3 vezes, depois 2, depois levei um fora e não paro de pensar!
Na real não foi um fora. Eu o convidei pra ir a uma festa, ele disse que tinha plantão no escritório (é médico agora, hahahahha). Mas saiu com os amigos e foi de convidado na mesma festa que eu tinha convidado. – E eu em casa vendo Woody Allen!
Eu fiquei puta com ele, ele me disse que eu não espere nada dele. Que gosta de mim. Mas nada sério. Eu disse tudo bem. Isso foi no domingo. Ele ia ligar
naterça e não ligou (gostei do “naterça” tudo junto, hahahahha). Resumo: não paro de pensar, e não consigo dormir. A crise pré-30. Puta que pariu. Levei um fora e tá doendo a mente! E agora tô chorando pelo alemão, que me deu um fora há mais de 4 anos! Hahahhaahha! Você entende isso? Eu não amo o cara (o do Brasil), mas não paro de pensar, socorro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Deco, é sério, me socorre! Please! Tentei te ligar, preciso de um ombro, ou de um vibrador, ou de ir pra Disneylandia! FUDEU – Que faço? Não ligo mais pra ele? Ah, mas eu gozei três vezes com ele, isso não acontece todo o dia! O cara tem o seu valor! Hahhahahah
Desculpa por esse e-mail, não mostra pra Neneca, tô bêbada!

 

Foto: Ayhan YILDIZ/Stock.xchng

8 de março

Casada, solteira, separada ou “pendurada”, exigente ou dada, bem-resolvida ou imatura, sensível ou prática, de quinta ou não. Carpe diem, que o dia é nosso! PS: Tudo bem, todos os dias são nossos… e devemos aproveitá-los sempre. Mas vai dizer que não é bom ter um dia que podemos chamar de só nosso?

Exigente, eu?!

Exigente-euDia desses meu amigo Zé me disse: “Vocês mulheres de 30 (e poucos) estão ficando muito exigentes, assim vão acabar solteironas”.

Minha resposta imediata foi: “Exigente, não!”. Somente não nos contentamos com qualquer coisa. Se for para namorar um bonitinho e ordinário, um problemático ou um perdido na vida e pé rapado fico sozinha e feliz – já me bastam os meus problemas.

Nosso “debate” durou horas e meu amigo Zé me confessou que as mulheres de 20 (e poucos) têm sido a melhor escolha, afinal de contas elas não questionam, querem é ajudar. Para as de 20 o futuro são só flores e não há sapos, só príncipes.

Me lembro quando tinha 20 anos e adorava fazer o papel de psicóloga e também de secretária do ser amado, ajudando-o com todas suas dúvidas existenciais e problemas familiares – de quebra, ainda ajudava a organizar a casa e a agenda. Realmente não questionava nada, achava que com meu ombro amigo e poder de organização o “príncipe” ficaria cada vez melhor e viveríamos felizes para sempre.

Não me arrependo dos erros que cometi, só errando que se aprende. Enquanto o Zé segue colecionando as meninas de 20 (e poucos) – só esse ano ele já teve três “grandes amores” –, sigo aqui na minha solteirice, aberta a novas pessoas, mas sem me atirar pra qualquer coisa que apareça.

Não estou à procura do ser perfeito, todo mundo tem defeitos e problemas, o que não quero é um Zé da vida que precisa apenas receber sem querer dar nada de si. Uma relação sem parceria, sem troca, sem amizade, enfim, sem cumplicidade não me serve. Não acho que serei uma solteirona, aprendi a acreditar naquela máxima que diz: antes só do que mal acompanhada.

 

Foto: Josep Altarriba/Stock.xchng

Histéricas?

HistericasHisteria: o termo tem origem no termo médico grego hysterikos, que se referia a uma suposta condição médica peculiar a mulheres, causada por perturbações no útero. (…) Na verdade, é uma neurose complexa caracterizada pela instabilidade emocional. Os conflitos interiores manifestam-se em sintomas físicos. (Da Wikipédia)

Eu nunca tinha pensado no conceito de “histeria”, até a minha psicóloga falar nisso. Até ali, “histérica” pra mim era aquela mulherzinha afetada, que vive fazendo cena – ou seja, o contrário do que sou. Eu nem imaginava que também era um pouco histérica!

Mesmo entendendo um pouquinho do conceito, continuei fazendo confusão. E passei a elaborar minha própria teoria, nada científica: a gente fica mais histérica depois dos 30.

Dia desses uma amiga me perguntou: “Afinal, o que os homens da nossa idade querem?”. Eu respondi: “Mulheres de 20”. Pode parecer um pouco antiquado ou machista, mas essa resposta tem sentido pra mim. Não é porque o nosso corpo não está mais tão inteiro. É porque a nossa cabeça ficou muito chata!

Sintomas da histeria dos 30: a gente fala, fala, fala (ou escreve, escreve, escreve). A gente fica com um humor horrível, que vai da euforia à depressão sem nem ser bipolar. A gente se leva a sério demais. A gente se apaixona muito, mas vira neurótica com detalhes que antes pouco importavam. A gente tá sempre preocupada com alguma coisa. A gente passa pensando e falando na gente mesma. A gente fica muito, muito mais crítica.

Duvida? É só começar a conviver com o pessoal mais novo. Os papos são outros, bem mais variados, bem menos “psicologizados”. Os assuntos engraçados estão mais em pauta, a vida séria fica para segundo plano. Vai dizer: não é bem mais divertido conviver com gente assim? Será que é por isso que muitas de nós também desenvolvem um certo gosto pelos meninos mais novos? Acho que sim. Pelo menos até a gente começar a achar tudo neles meio bobo.

Sim, eu me sinto mais madura, mais confiante, mais resolvida com 30. Mas também me sinto mais chata, mais crítica, mais pesada. Em todos os sentidos, é claro, que a balança não me deixa mentir!

Quer saber mais sobre histeria, a verdadeira? Clica aqui e aqui.

 

Foto: jepthe/Stock.xchng

Mulher de 30, “mulher mais velha”

Mulher-de-30Lembro de quando eu tinha 20 anos: os meninos que ficavam com alguma mulher de 30 se sentiam o máximo… “Bah, cara… Fiquei com uma mulher mais velha”. E lembro do que aquilo representava para eles: experience – ou “sexperience”, como dizem nossos conterrâneos da Cachorro Grande. Nós, mulheres então de 20, ficávamos imaginando: “Ai, que raiva, o que elas têm que nós não temos?” ou “Como eu queria saber todos os segredos que elas já sabem para enlouquecer um homem”.

Não parece ridículo? O tempo passa e na prática não sentimos muitas mudanças. Sabemos que realmente a experiência faz uma diferença – mas mais para nós mesmas do que para eles, de fato. Nós já conhecemos como as coisas funcionam e qual a melhor maneira de conduzir determinadas situações – e relações. Mas convenhamos: sexo bom e experiência não necessariamente andam juntos. Não é porque trepamos mais que trepamos melhor ou sabemos mais. Meninos, sinto muito: não nos usem só para isto. Sexo é algo natural e depende de cada pessoa. Você pode ter uma experiência sexual maravilhosa com uma mulher de 30, como de 20 ou de 40, 50. E o contrário também, hein?

O pior disto tudo é que é inevitável pensar, cada vez que fico com alguém mais novo, nas expectativas desta pessoa e no quanto esse cara só está ali para conferir a lenda. É horrível, eu sei, mas é a verdade. E ao mesmo tempo não consigo deixar de ficar com esses “caras mais novos”. Talvez, inconscientemente, eu também cultue um estereótipo. Afinal, eles parecem mais vigorosos, cheios de energia, incansáveis…

 

Foto: Dark Water/Stock.xchng

Cabelos

Meus cabelos são muito importantes para mim, pois eles acompanham todas as mudanças que ocorrem na minha vida. Acredito que o mesmo acontece com os cabelos de vocês, leitores e leitoras.

Um dos meus primeiros cabelos marcantes foi o famoso estilo Chitãozinho e Xororó; que atire a primeira pedra as pessoas na casa dos 30 anos que nunca tiveram esse cabelo. Eu era pequena, mas me lembro que tinha muito orgulho do meu topete. Depois veio a época do cabelo repicado, o meu era praticamente uma juba de leão, pois esse era o sentido do cabelo, quanto mais repicado, mais na moda se estava.

Os anos se passaram e com eles chegaram as luzes!! Lembram da moda das duas mechas loiras na franja?!! As minhas foram praticamente medidas a régua para ficarem perfeitas. Depois a mecha “cresceu” e eu fiquei quase loira; e de loira quase verde, de tanta coisa que fiz no pobre cabelão. Daí cansei de tudo e virei ruiva chanel, tive quase todos os tons de ruivo possíveis e imagináveis, só pra ver no que dava. Sem contar as crises existenciais, os términos de namoro, emprego novo, nova estação: tudo era, e ainda é, motivo para passar a tesoura no cabelo.

CabelosDepois de 12 anos com o mesmo cabeleireiro, resolvi mudar, porque achava que esse já não acompanhava mais minha mente, minhas mudanças. Encontrei um que me entende e que, pasmem, não é gay! Com ele, novos cortes, novos estilos, novas confidências. Fiquei uma época afastada dos salões, deixei o cabelão crescer muito, parei de pintar, depois de um tempo voltei ao salão, cortei novamente, pintei e cortei – enfim, aquela coisa de mulher.

Eis que chegou o momento de voltar a ser natural, até porque já nem lembrava mais o que eu era, então voltei a ser castanha. No dia em que completei 26 anos (isso já faz um tempão) descobri meus primeiros cabelos brancos (eram três fios, me lembro muito bem). Chorei de emoção, de surpresa, de tristeza – foi uma mistura de sentimentos, muito estranho. Hoje, aos trinta e poucos, tenho bem mais de três fios de cabelos brancos, que estão ali crescendo, envelhecendo comigo. Tenho orgulho deles, da forma como me vejo fico feliz em estar envelhecendo aos poucos, e vendo meu cabelo ali mais um vez me acompanhando. Depois de tantas modas e momentos que passaram pela minha cabeça, agora é a hora de ficar coroa, ou melhor, de começar a ficar coroa. A decisão esta tomada, não irei pintá-los, já fiz reuniões com meu cabeleireiro a respeito. Se algum dia virem por aí uma coroa de cabelos grisalhos, cheia de estilo, podem contar que sou eu.

 

Imagem: Nico Sonspack/Stock.xchng

Os quinze anos

Ah, os quinze anos! São sem dúvida os anos dourados de toda a menina, e não digo isso por causa de baile de debutantes ou festa com bolo vivo e tal (já fiz parte de um, é coisa bem brega, né?!).

Aos quinze, ou no tempo em que eu tinha quinze, eram tantas as verdades absolutas (“pra colocar a mão na minha bunda só se for meu namorado”), eram tantos os planos para o futuro (“aos 20 anos estarei na metade da faculdade”), eram tantos sonhos (“aos 30 anos já terei casa própria, planejando o primeiro filho, casada, é claro”).

Os-quinze-anosE os anos vão passando, e a gente percebe, ou melhor, se convence de que a vida não é um conto de fadas no qual tudo sai perfeitamente conforme o planejado. Percebemos que há percalços e que mudamos de escolhas, às vezes na metade de um caminho que já estava praticamente todo traçado (como a tão sonhada carreira de médica que se transforma em uma bem sucedida faculdade de arquitetura).

Aos quinze anos temos no mínimo uns cinco melhores amigos; com o passar do tempo esses melhores se mostram apenas como pessoas que convivemos por um período. Há também aquela fase em que se acredita que a turma estará sempre junta, aconteça o que acontecer. Hehehe, ledo engano, e isso eu sei de cadeira. Mas há também aquelas amizades que se solidificam – e isso eu também sei de cadeira.

Aos quinze anos a gente é gostosa e não sabe (pelo menos era o que diziam meus amigos sobre mim). E eu realmente não sabia!

Também nessa época se fica bêbado com dois copos de cerveja, e a maconha é a droga mais pesada com que a gente tem contato, ou pelo menos sabe de alguém que já experimentou. Aos quinze anos a gente acha que nossos pais jamais irão envelhecer, e muito menos nós, até que eles começam a ficar bem velhinhos e nós começamos a ter cabelos brancos e rugas.

Então eu me pergunto: será que essa geração que tem quinze anos hoje pensa isso tudo também? Será que ainda existe ingenuidade com relação a drogas, sexo, carreira e amigos?! Será que esse mundo globalizado, computadorizado, fez com que a garotada perdesse toda a pureza, a inocência, ou será que os quinze anos de ontem são os dez anos de hoje?!

Só sei que os meus quinze anos foram maravilhosos, mesmo depois que descobri que estava completamente errada em relação a várias coisas e que as tais verdades absolutas não eram tão verdadeiras assim. A certeza que ficou é que, se não tivesse vivido e conhecido tudo o que sei, hoje este blog não estaria no ar.

E resta um sonho que jamais se tornará realidade: ter a malandrice que tenho hoje aos trinta e poucos… mas com o corpinho dos quinze!

 

Foto: Andrea Jaccarino/Stock.xchng

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