[zilla_alert style=”white”] By Zé nº 1 [/zilla_alert]
“Por que não criam o de vocês?”, devem perguntar as minhas amigas, anônimas editoras do Mulheres de Quinta. Bom, queridas, a resposta é simples. Primeiro: sei que não vou ter saco de alimentar um blog só meu (ou “nosso”). Segundo: nós, homens (e falo no plural propositalmente) já concluímos que está na hora de nossa contribuição ir além das frases que o “Zé” lança em conversas – agradecemos o pseudônimo. Além disso, quem ia parar pra ler as nossas coisas? É mais fácil pegar carona no sucesso alheio.
Assim, se a sinceridade não as incomoda, pedimos vênia para expor um ponto de vista masculino e tentar, de alguma forma, realizar a “redenção da raça” ou um mero desabafo. Ocorre que nós, homens, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, também temos nossas queixas, nem todos somos ogros ou príncipes encantados. E é exatamente o gancho do príncipe encantado que escolhi para essa primeira contribuição mais efetiva.
Há coisa de alguns meses, em meio a um evento da “grande família” (minha vó tornava-se octogenária), presenciei uma cena que ilustra bem a questão. Família toda sentada à mesa, exceto os netos e bisnetos menores – da última leva, todos com idade entre 4 e 7 anos. Enquanto os meninos arrancavam as folhagens do jardim para brincar de espada e golpes do Naruto, a “plincesa” caçulinha do clã escalava o escorregador do playground. Uma vez lá em cima, ela decreta: “Eu sou a ‘plincesa’! Vocês TEM QUE me salvar!!!”. A reação dos gladiadores? Ignoraram solenemente.
Demorei alguns meses para entender que aquela cena, guardadas as proporções, seria uma constante na vida de seus protagonistas. De fato, hoje balzaquiano, tendo passado por mais de uma separação complicada e com alguma experiência “extra-curricular” nas costas, me sinto autorizado a dizer que uma das maneiras mais eficientes de que uma mulher dispõe para atemorizar qualquer bravo que possa pensar em se habilitar é jogá-lo em cima do cavalo branco.
Vocês querem que a gente seja sensível, mas firme. No primeiro encontro, se mete a mão, só quer sexo; se não mete, não gostou ou não gosta da coisa mesmo. OK, é difícil. Mas a gente não está ali para ser o salvador. Vocês lutaram tanto para termos direitos iguais, aí estão os direitos. Rachar a conta? Nossa, é um verdadeiro dilema. Ainda um dia desses, saí com uma menina que tinha como frase de chamada no MSN “Miss Independent”. Chega a conta e eu, querendo fazer bonito, me ofereço para pagar. Ela, prontamente, se dispõe a rachar e até meio que insiste. Eu vou discutir esse assunto com alguém que utiliza uma frase dessas? Melhor não. Simplesmente fingi que não percebi e, rapidamente, deslizei o Santo Visa para dentro da caderneta do restaurante.
Mas o cerne da questão não é esse. A gente sabe que vocês (salvo algumas exceções) topam (e às vezes realmente preferem) rachar a conta. Só que, de um modo geral, ainda querem se sentir cortejadas com essas e outras tantas coisas. A mulher moderna (isso é uma generalização, eu sei), de regra, sabe que pode transar com quem ela quiser sem culpa. Ela é maior de idade, mora sozinha e paga suas contas. Mas essa mesma mulher ainda quer que a gente abra a porta e fale com o pai dela, mostrando nossas boas intenções com a filhinha dele.
O fato, meninas, é que esse meio termo é uma coisa meio complicada de achar. Eu, particularmente, não chego montado em um cavalo branco. Se a montaria está ali, a meu lado no quadro que vocês pintam, podem saber que estou só levando o animal para pastar.
PS.: Meninos, este novo espaço só depende de vocês. Soltem o verbo! Contribuições para mulheresdequinta@gmail.com.
Foto: Stock.xchng