Os quinze anos

Ah, os quinze anos! São sem dúvida os anos dourados de toda a menina, e não digo isso por causa de baile de debutantes ou festa com bolo vivo e tal (já fiz parte de um, é coisa bem brega, né?!).

Aos quinze, ou no tempo em que eu tinha quinze, eram tantas as verdades absolutas (“pra colocar a mão na minha bunda só se for meu namorado”), eram tantos os planos para o futuro (“aos 20 anos estarei na metade da faculdade”), eram tantos sonhos (“aos 30 anos já terei casa própria, planejando o primeiro filho, casada, é claro”).

Os-quinze-anosE os anos vão passando, e a gente percebe, ou melhor, se convence de que a vida não é um conto de fadas no qual tudo sai perfeitamente conforme o planejado. Percebemos que há percalços e que mudamos de escolhas, às vezes na metade de um caminho que já estava praticamente todo traçado (como a tão sonhada carreira de médica que se transforma em uma bem sucedida faculdade de arquitetura).

Aos quinze anos temos no mínimo uns cinco melhores amigos; com o passar do tempo esses melhores se mostram apenas como pessoas que convivemos por um período. Há também aquela fase em que se acredita que a turma estará sempre junta, aconteça o que acontecer. Hehehe, ledo engano, e isso eu sei de cadeira. Mas há também aquelas amizades que se solidificam – e isso eu também sei de cadeira.

Aos quinze anos a gente é gostosa e não sabe (pelo menos era o que diziam meus amigos sobre mim). E eu realmente não sabia!

Também nessa época se fica bêbado com dois copos de cerveja, e a maconha é a droga mais pesada com que a gente tem contato, ou pelo menos sabe de alguém que já experimentou. Aos quinze anos a gente acha que nossos pais jamais irão envelhecer, e muito menos nós, até que eles começam a ficar bem velhinhos e nós começamos a ter cabelos brancos e rugas.

Então eu me pergunto: será que essa geração que tem quinze anos hoje pensa isso tudo também? Será que ainda existe ingenuidade com relação a drogas, sexo, carreira e amigos?! Será que esse mundo globalizado, computadorizado, fez com que a garotada perdesse toda a pureza, a inocência, ou será que os quinze anos de ontem são os dez anos de hoje?!

Só sei que os meus quinze anos foram maravilhosos, mesmo depois que descobri que estava completamente errada em relação a várias coisas e que as tais verdades absolutas não eram tão verdadeiras assim. A certeza que ficou é que, se não tivesse vivido e conhecido tudo o que sei, hoje este blog não estaria no ar.

E resta um sonho que jamais se tornará realidade: ter a malandrice que tenho hoje aos trinta e poucos… mas com o corpinho dos quinze!

 

Foto: Andrea Jaccarino/Stock.xchng

Passado

Nessa hora, em geral pouco agradável, só não dá pra esquecer que todo mundo tem um passado; nós também.

Teu passado te condena

Teu-passado-te-condenaUma amiga, que está iniciando um novo relacionamento, me contou dia desses que tinha pedido a um primo policial para “levantar a ficha” do moço. É. A partir de RG e CPF, dá pra verificar se alguém já foi preso, processado, se está devendo na praça. Mais seguro, não? Pena que não seja tão simples tirar o atestado de sanidade.

Quando a gente começa um novo affair, parece que a pessoa ao lado não tem passado, que seu livro era feito de páginas brancas até o momento em que nós surgimos com palavras e imagens para povoar aquele universo. Aos poucos, a gente vai percebendo que as folhas só estavam descoloridas. Assim como não é possível escrever um narrativa sem começo, toda biografia tem seus rodeios.

Nessa hora, em geral pouco agradável, só não dá pra esquecer que todo mundo tem um passado; nós também. A gente apronta, faz o que acha melhor, erra, corrige os erros e segue em frente, sem lembrar que toda história deixa uma marca, que todo ato tem consequência. Se todo cara com mais de 30 tem sempre uma ex-mulher, filhos, drogas ou insucessos na sua trajetória, nós também carregamos nossos vícios, medos, uma “ficha” às vezes difícil de identificar só com o número dos documentos.

Nunca fui presa, processada ou registrada no SPC. Mas meu passado tem história, e volta e meia ele vem assombrar, sabota o futuro-presente. Ou senta na mesa ao lado. Fazer o quê? Só me resta ter orgulho de tantas páginas coloridas.

 

Foto: Stefanie L./Stock.xchng

Autoanálise

AutoanaliseAfinal quem somos nós? Ou o que acham que somos… Digo, nós: mulheres 25+ (em prol das amigas que ainda não chegaram nos 30), independentes, que moram sozinhas, bem sucedidas ou remediadas, enfim, que pagam suas contas sem precisar de ninguém. Às vezes somos confundidas ou entendidas como mulheres frias, fáceis demais, festeiras demais (também chamadas de fubangas).

Peraí! Por favor, tentem nos conhecer antes de tirar conclusões precipitadas. E não me venham com este papo de que as mulheres de hoje não querem compromisso, que não cola! Acredito que boa parte, pelo menos muitas das que eu conheço, quer na verdade a sorte de um amor tranquilo… às vezes nem tão tranquilo, mas enfim um grande amor.

Ok! Um pouco clichê, mas o desejo é sincero. Podemos ter já feito muita festa, ficamos sem compromisso (na verdade o sem compromisso raramente é um desejo real, pelo menos da nossa parte). Mas são fases que passam, não queremos isto para vida toda. Lendo o outro post, Como não se apaixonar, é uma missão quase impossível, até acredito que possa acontecer, mas acho bem difícil. Não adianta, a gente cai direitinho. Tenta se fazer de “tô nem aí”, “eu sou mais eu’, mas se o telefone não toca começa a frustração. Fica aquela coisa, “quando foi que botei tudo a perder mesmo?”…

Não que a vida da gente gire em torno dos homens, que a gente não consiga viver sozinha. Queremos ter uma profissão legal, há muitas outras coisas na vida, mas queremos também compartilhar coisas boas e ruins. Sabe, ter aquele alguém especial, dormir abraçada; muito melosa, pode ser, mas é bom, todas nós sabemos. Lembra da música? “Quando um certo alguém…é melhor não resistir e se entregar…” Até as mais duronas se rendem em algum momento e acabam concordando.
Mulheres independentes, sim, mas também não somos de ferro!

 

Foto: Anna H-G/Stock.xchng

Que bunda

[zilla_alert style=”white”] By Carminha [/zilla_alert]

Já fiz muita fesssta por esse mundo a fora, são tantasss coisasss que já me aconteceram, as boas sempre recorrrdo, as não tão boas assim deixo guardadass bem lá no fundo do pensamento, quase no esquecimento.

Houve uma vez em que eu estava em um desses lugares em que a vida nos leva aparentemente sem motivo e no meio da fesssta a gente dessscobre o porquê. Estava plena e absoluta, bebendo de graça (tem coisa melhorrr do que isso na vida, gente?!!!), porque pessoasss que se prezam têm amigosss trabalhando atrás do balcão do barrr.
Eis que surge na porta do local um cara, nossos olharesss se encontraram imediatamente!

Uiuiui, pensei eu: já me ganhou o danado. E não é que nem precisei fazerrr força para conhecê-lo?!! Por essas coisasss que só o destino explica, e olhe lá, ele era amigo de váriossss amigos meus.

Que-bundaTodo mundo se cumprimentando, aquela coisa toda, a língua que se falava naquele momento era o italiano (sim, meu bem, Carminha é interrrnacional, não te contaram?!!). Eu, no meu mais lindo italiano, fui avisando: non parlo italiano. Então ele quis saber em que língua podíamos conversar, e chegamosss à conclusão que inglês era o que nos unia e dali a converrrsa deslanchou, mas eisss que a língua materna do rapaz (que não era tão rapaz assim) era o espanhol, ai, que tudo!!!!

Cervejasss mil, conversasss no melhorrr estilo Fórum Social Mundial, três línguas sendo faladas, no mínimo, em um grupo de no máximo sete pessoas, e eis que as trocasss de olharesss começaram, mãos bobasss se tocaram.

E, quando perrrcebi, estava no banheiro com o espanhol; beijos, amassos, mão na bunda (ai, que bunda, e olha que nem sou tão chegada, mas a dele era especial), muitasss coisas ao pé do ouvido; em espanhol, claro, porque soam muito maisss calientes.

Saindo do banheiro perrrcebi que ele tomou uma certa distância de mim, mas dez minutos depoisss estava eu sendo “levada” ao banheiro novamente. Resolvi perguntarrr o que essstava acontecendo realmente; resultado: o moço não era assim, digamos, solteiro. Quer saber?! Não dei a mínima, pois eu tambem não era!

Depois daquele dia nos encontramos mais algumasss vezess, no mesmo local, com as mesmas pessoasss, todas sabendo o que havia entre nósss, mas ninguém tocava no assunto, amigosss são pra essasss coisas, não é messsmo?!

De tudo isso me restou o nome dele (que nunca esquecerei), um número de telefone (que nunca liguei) e a lembrança daquela bunda. Ai, que bunda!

 

Foto: Ivaylo Georgiev/Stock.xchng

Como não se apaixonar?

Esta é uma questão complicada… O que fazer quando não podemos nos apaixonar por determinada pessoa? Como seria bom se existisse uma fórmula, que pudéssemos decidir: por este eu me apaixono, por este não me apaixono… Estou aqui para provar que a tal fórmula realmente não existe, mas que é possível simplesmente optarmos por não nos apaixonar (será?).

BSKSe você está se perguntando “mas por que alguém não gostaria de se apaixonar?” é porque você nunca se apaixonou antes, só teve relações bem-sucedidas ou é masoquista. “Mas a paixão é tão boa!” É… e não é. Quem nunca pensou que se pudesse escolher, jamais teria se apaixonado por fulano? Mas o que quero dizer é que não importa o porquê do não querermos nos apaixonar: precisamos conseguir pensar racionalmente e evitar este mal, nos casos em que é possível prever.

Eu, por exemplo, estou disposta a fazer o teste: estou tendo um lance com um cara lindo, bonito mesmo, e bom de cama… e querido… e todo… Ahrãm! Este é o primeiro passo, eu creio, para evitar uma paixão: para que ficar lembrando que a pessoa é isto e aquilo o tempo todo? Temos que lembrar o tempo todo, sim, o que esta pessoa é de verdade, seja lá qual for o problema: casado, gay, viciado, melhor amigo do ex-namorado, Don Juan, esquizofrênico ou qualquer outra coisa que venha a nos dar dor de cabeça amanhã! Identifique o que te faz querer ter este homem longe dos teus pensamentos e faca na bota! Com ele, só vale sexo – e, dependendo da gravidade do caso, nem isto!

Seguindo em frente: evite as falsas expectativas (sim, no fundo a maioria das mulheres cultivam um desejo de que um homem se recupere ou deixe tudo para trás para ficar com elas). E, muitas vezes, nem a culpa neles podemos jogar por isto: nós somos as únicas culpadas pelas próprias perspectivas. Quando embestamos, fechamos os olhos para a realidade e deixamos passar em branco coisas que jamais deixaríamos em outra situação. O final é quase sempre trágico. Então, por que insistir, quando já sabemos que não vai dar certo? Hein?

Mas como não se apaixonar, afinal? Há três semanas, esta era a pergunta que mais me vinha à mente. Uma preocupação constante. Sabe o que aconteceu? Nada. Pelo menos nestes últimos 20 dias eu não me apaixonei. E sabe o que eu fiz para conseguir este feito? Tchanananam… se a fórmula não existe, pelo menos há uma receitinha básica: me ocupei com outras questões! Praticamente não tive tempo para pensar e repensar naquilo. Creio que não existe saída melhor: quando a coisa está para acontecer, invente uma viagem, uma reestruturação no trabalho, uma recauchutada no visual… Se envolva com a organização de uma festa, reforme a casa ou marque um encontro com outra pessoa – dependendo do bolso e da pilha de cada uma, né? Não tem erro. Quer tentar? Só aviso que esta é uma solução paliativa. Como o final desta história ainda está por vir, não garanto que depois do próximo encontro eu consiga sustentar minha razão acima da emoção. Vamos ver o que acontece! Depois eu conto para vocês.

 

Imagem: BSK/Stock.xchng

Sem saber

Sempre fui uma pessoa bem informada sobre o mundo, principalmente nos quesitos política e sociedade (e também sabia sobre as fofocas das celebridades, afinal de contas sou mulher). Já cheguei ao ponto de estar morando em outro país, saber tudo que estava acontecendo nele e também sobre o que acontecia no meu querido Brasil (bem na época em que a esperança venceu o medo). Depois de voltar, segui, como sempre, me informando: lendo, assistindo três jornais por noite, quando a dúvida surgia lá ia eu perguntar aos amigos mais sabidos, enfim, seguia por dentro do que estava acontecendo no mundo.

Sem-saberMas eis que algumas mudanças surgiram na minha vida, entre eles um trabalho que me deixa sem força nem vontade para nada – no final do dia só quero tomar banho, ler meus e-mails e escrever para o blog. Resultado: estou por fora do mundo já faz quase um ano, sim, um ano. Para se ter ideia, só soube que o avião da Air France caiu porque estava indo viajar, só soube que o Michael Jackson morreu porque uma amiga me mandou um torpedo.

Quer saber o que mais me surpreende? É que estou sem saber de nada e estou feliz!

Sei que não seguirei assim para sempre, então, pra não ficar tão por fora, resolvi comprar na última semana as duas únicas revistas brasileiras que, acho, merecem ser lidas: Carta Capital e Caros Amigos. E não é que me vi lendo as mesmas notícias? Sociedade que cresce desordenada, sem educação, sem distribuição de renda decente, um governo que tem de colocar sua ideologia não se sabe onde para poder sobreviver; ou seja, tudo sempre igual.

Bom saber que o debate e a crítica ainda existem, que ainda há uma imprensa que presta neste país, que se posiciona, mas que também questiona. Sei que ainda há pessoas, alguns amigos inclusive, que conversam, debatem, se informam. Mas isso está tão distante das pessoas “comuns”; do verdureiro, da faxineira, até mesmo de alguns professores. Para esses “comuns”, estar sem saber já faz parte de suas vidas, errados estão eles? Aprendi que em certos casos, para certas pessoas é melhor não questionar.

 

Foto: Brano Hudak/Stock.xchng

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