Existem várias formas de perdemos o controle de nossos atos: discussões sobre política e futebol, grandes bebedeiras, uso de psicotrópicos, clube de mulheres… já perdi o controle de todas estas formas, e com certeza a última foi uma das maneiras mais divertidas.
Nunca pensei em ir a um local desses, até que uma amiga resolveu fazer sua despedida de solteira. Então vamos, né?! Amiga é pra essas coisas.
Local sinistro, gente estranha, tudo meio escuro e uma musiquinha complicada, todas as meninas meio sem jeito, fazendo cara de paisagem, tomando sua cervejinha de canto, algumas só no refrigerante. A grande desculpa para estar ali era a grande amizade que nutriam pela noiva. Algumas disseram inclusive que não gostavam dessas coisas, homens dançando, se esfregando, que horror!
Eis que a luz muda e a música também. Uma voz no microfone anuncia a entrada dos “rapazes”. Lá vem o índio, o bombeiro, o cowboy, o africano, o mago, uns outros tantos e o noivo (que obviamente não era o noivo da minha amiga). Começaram dançando lá de longe, tão tímidos quanto nós. Curiosamente havia também um grupo de homens, sentados num canto, e várias meninas, obviamente fãs de carteirinha do local e dos “rapazes” em questão. E eu me perguntando: tá, e aí? Vão ficar longe assim? Acho que eles me ouviram, porque começaram a descer do palco um a um, fazendo sua “performance” e chegando cada vez mais perto da gente.
Daí sim a loucura começou: as meninas que antes estavam lá calmas e constrangidas começaram a perder a consciência, gritando, chamando os “rapazes”, escolhendo seu preferido, e eu só querendo saber se podia passar a mão neles. Ninguém prestava atenção nos rostos; nos corpos, sim, que estavam ali expostos querendo, pedindo um carinho. Foi só uma botar a mão para todas as outras copiarem o gesto. Eu que não sou boba nem nada não perdi tempo, passei a mão em todos, só faltei botar dinheiro na cueca. E vi que até as mais pudicas se esbaldaram nos corpinhos; as que “não gostavam” mudaram de ideia rapidinho. O conteúdo na cueca e a melhor barriguinha eram o assunto do grupo, quando a gente conseguia parar de gritar para trocar alguma informação.
Depois de muita dança, os rapazes deram um tempo. Nesse intervalo, surge uma mulher dançando totalmente nua (então entendi a presença do público masculino no local). Depois voltam ao recinto os “rapazes”, desta vez escolhendo meninas para irem ao palco. E não é que me chamaram?! Não pensei duas vezes e fui com tudo: descobri que lá no palco tudo ficava assim, digamos, mais exposto, mas tudo com muito respeito. O “meu rapaz” perguntou se eu me importaria em ver tudo mais de perto…me diverti horrores.
Depois de tudo terminado eles ficaram por ali, conversando como quem não quer nada, e descobri que, se a gente pagar, pode dar uma esticadinha na noite. Nessa hora segui só na minha cerveja. Ah, não: pagar pra transar definitivamente não é do meu estilo.
Ótima a experiência de ver como funciona esse mundo da libido assim escancarada, ver que todos têm fantasias. Não tenho tesão por bombeiros, magos ou coisa que o valha; mas gostaria de ver o meu homem, marido, namorado, ficante, seja qual for, ali dançando pra mim, sendo sensual pra mim. Se já aproveitei horrores pagando o ingresso, imagina se for de graça?
Foto: Mateusz Atroszko/Stock.xchng