A melhor indicação para acabar com a ressaca de um amor perdido? Vide o título. Para mim, pelo menos, foi um santo remédio. Não tomei de imediato, nem poderia… Ainda estava tomada pela náusea, lembrando os pesados detalhes do relacionamento interrompido; sem falar na cabeça girando, girando, girando… Tudo bem, não demorou muito: depois de um mês e meio, não tive dúvida. Um e-mailzinho aqui, MSN ali, atualização de telefones acolá e logo, logo, lá estávamos nós. Caso novo ou antigo?Pouco importa. O que importa mesmo é que nos encontramos com um único motivo: sexo. E confesso que não há nada melhor para acabar com as últimas lembranças do amor antigo do que este sexo descompromissado, claro, transparente.
Quando é só sexo, as vantagens são muitas. Podemos atalhar caminhos, indo direto ao ponto, sem rodeios. Não nos preocupamos com os quilinhos a mais oriundos de um casamento frustrado ou de longas noites regadas a cerveja e solidão pós-rompimento. E tanto faz a performance que “entrega” o período praticamente inativo ou o vício de quem estava acostumado a um só corpo.
Quando o propósito é não ter propósitos afetivos, deixamos as estratégias de lado e não cuidamos o que vamos dizer – e, na verdade, nem dizemos muito. Para quê? Vamos logo ao que interessa: será que a libido continua a mesma? Primeiro, podemos nos permitir umas cervejinhas para relaxar… Também não vamos dispensar uma musiquinha a meia luz. O ambiente, afinal, é fundamental em qualquer ocasião. O passo seguinte é reaprender a interagir, a entrar no compasso certo, a lidar com os movimentos não previsíveis. Carinho, aqui, não pode ter conotação não sexual. Inexistem palavras mentirosas e desnecessárias. As ilusões passam longe.
Uma cama, dois corpos, uma camisinha. Duas. Três… Quatro, se possível! Despidos não só de roupas, mas de pudores. De um jeito natural. Cru, como o desejo que paira no ar e que se instala na carne. Só. E sós. Os dois na mesma sintonia, mas cada um com o seu desejo.
Assim passamos o período entressafra. O segredo, no entanto, é não se apaixonar. Um exercício para manter a razão em dia.
Foto: Paige Foster/Stock.xchng